Ensino neutro? Escola sem partido?

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A rede Emancipa, que é um movimento social de cursinhos populares, trava uma luta permanente em defesa da educação pública e gratuita e democratização do acesso à Universidade no Brasil. Sabemos que as Universidades hoje, principalmente as públicas, têm um sistema seletivo injusto e pouco eficiente, que sempre exclui milhares de jovens de ter acesso ao ensino superior. Jovens que em sua maioria são pobres, negros, mulheres, LGBTs e de escola pública. É justamente por ter esse formato de seleção, que as Universidades são elitistas, antidemocráticas e pouco inclusivas, restringindo o direito a uma educação de qualidade para poucos.

Os cursinhos populares surgem com o propósito de quebrar essa barreira que é o vestibular e democratizar o ensino superior, forçando as Universidades a ampliarem o debate sobre acesso e permanência e questionando, dentro e fora desses espaços, a ideologia da meritocracia - que só assegura o privilégio da elite. Felizmente, hoje o debate acerca dessa questão já tem um grande acúmulo, por diversos movimentos, que pressionam as Universidades para que elas sejam cada vez mais democráticas e acessíveis.

Em contraponto a essa estrutura segregacionista que temos no ensino superior, os cursinhos populares, por outro lado, apresentam novos métodos de ensino e ousam construir uma prática pedagógica democrática, atendendo às necessidades das e dos alunos de escolaridade pública. Tendo como objetivo não somente a aprovação destes estudantes nas Universidades, os cursinhos são pensados para serem indutores de mobilização social, construindo lutas radicalizadas pelo direito à educação, para todas e todos.

Deste modo, os cursinhos têm realizado uma verdadeira modificação na forma de se pensar a educação hoje no país, abrindo espaços de diálogos com os estudantes e debatendo temas que os façam refletir sobre suas ações no conjunto da sociedade. Entretanto, essa efervescência de formulação educacional tem sido ameaçada por um projeto político, partidário, racista e defensor da classe dominante. O projeto de lei conhecido como "Escola sem partido" vem justamente tentar travar o avanço sobre uma discussão de ensino que seja mais livre e emancipatória, na intenção de restringir cada vez mais esse debate.

Entendemos que o "Escola sem partido" é antítese da Rede Emancipa, que se coloca radicalmente contra esse pensamento de uma educação neutra e sem participação política, que anula o debate democrático e traz um retrocesso sem fim. É por isso que pedimos o apoio de todas e todos que, assim como nós, entendem a educação como uma ferramenta de emancipação do indivíduo e de transformação da realidade.

Chamamos todas e todos para apoiar e lutar com a Rede Emancipa e os demais cursinhos populares contra as propostas, o projeto e o movimento "Escola sem partido", na busca por uma educação emancipadora, libertadora e democrática.

Fonte: Rede Emancipa Nacional (com adaptações)

P.S.: Também sobre este tema, recomendo a entrevista do PodCast Filosofia Pop com o professor Rafael Saddi. Segue o link:

http://filosofiapop.com.br/podcast/filosofia-pop-033-educacao-e-organizacoes-sociais/



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